“Depois
destas coisas olhei, e eis que estava uma porta aberta... e eis um trono...
e Um assentado sobre o trono... e o arco celeste estava ao redor do trono.
E
ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos
vinte e quatro anciãos vestidos de vestidos brancos...” (Ap
4:1-4).
João
está contemplando a sala do trono de Deus, no lugar Santíssimo, ou seja, a Sala
do Juízo Celestial, onde Jesus deve penetrar para receber o Livro Selado com
Sete selos, e iniciar o juízo.
Esta é a mesma porta aberta mencionada na carta
à igreja de Filadélfia de Ap 3:8.
Há uma visível semelhança entre a visão de
João e a de Dn 7:9-14, pois ambas “se relacionam com os mesmos assuntos”. (Testemunhos
para Ministros e Obreiros Evangélicos, 117).
São
vistos tronos, Alguém assentado, assenta-se um tribunal e livros são abertos.
A
profecia dos 2.300 anos (Dn 8:14) inicia com o Santuário Terrestre (457 a. C.)
e termina com o Santuário Celestial (1844 d. C.). Este é o ano em que Jesus
entrou no Santíssimo com a missão de purificar o Santuário; iniciar o Juízo
Celestial. Esta, porém, não foi a primeira vez que Jesus entrou no Santuário.
Quando
Jesus completou a primeira fase da expiação, morrendo como o “Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo” (Jo
1:29), ascendeu ao Céu para iniciar a segunda fase, o Ministério da Intercessão
junto ao Altar de Incenso, no lugar Santo, como Sacerdote (Ap 8:3-4). Para
tanto, precisava ser ungido como tal, assim como fora Arão. (Lv 8:1-12; Ex
30:25-29).
A
unção de Jesus como Sacerdote, ocorreu junto ao trono do Pai, no lugar
Santíssimo do Santuário Celestial, exatamente no dia de Pentecostes, cinqüenta
dias após a sua ressurreição. No livro: “O Desejado de todas as Nações” vemos a
festa de entronização de Jesus:
“Todo
o Céu estava esperando para saudar o Salvador à Sua chegada às cortes
celestiais. Ao ascender, abriu o caminho, e a multidão de cativos libertos à
Sua ressurreição O seguiu... Ao aproximar-se da cidade de Deus, cantam...: 'Levantai,
ó portas, as vossas cabeças; Levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei
da Glória` (Sl 24:7-10). Então se abrem de par em par as portas da cidade
de Deus... Ali está o trono... e o arco-íris da promessa”. (O
Desejado de Todas as Nações, 796, 797).
“Ali
estão os querubins e serafins. Os comandantes das hostes celestiais, os filhos
de Deus, os representantes dos mundos não caídos, acham-se congregados. O
conselho celestial, perante o qual Lúcifer acusara a Deus e a Seu Filho...,
todos ali estão para dar as boas-vindas ao Redentor. Estão ansiosos por
celebrar-Lhe o triunfo e glorificar seu Rei, mas Ele os detém com um gesto.
Ainda não. Não pode receber a coroa de glória e as vestes reais. Entra à
presença do Pai. Mostra a fronte ferida..., os dilacerados pés; ergue as
mãos que apresentam os vestígios dos cravos. Aponta para os sinais de Seu
triunfo; apresenta a Deus o molho movido, aqueles ressuscitados com Ele como
representantes da grande multidão que há de sair do sepulcro por ocasião de Sua
Segunda vinda”. (O Desejado de Todas as Nações, 797).
As
festas do Santuário Terrestre eram proféticas e sombras das coisas celestiais.
Jesus morreu no dia da Páscoa, 14 de Nisã, e ressuscitou no dia das Primícias,
16 de Nisã, como “as primícias dos que dormem” ( I Co15:20).
Ao
ascender ao Céu, Jesus foi ungido no dia da Festa do Pentecostes. O
derramamento da chuva temporã do Espírito Santo no dia de Pentecostes (At 2),
foi uma confirmação de que Jesus tinha sido ungido e entronizado no Santuário
Celestial. Vale a pena um estudo sobre as festividades dos israelitas.
A
expiação do pecado no Santuário Terrestre era efetuada em três diferentes
fases:
O
pátio. Era o
local onde o cordeiro era morto, no altar de sacrifício. No Apocalipse, o pátio
do Santuário Celestial é mencionado somente uma vez (11:1-2); é o planeta Terra
onde o Cordeiro de Deus foi morto, e o altar de sacrifício é o monte do
Calvário.
O
lugar Santo. Era o
local onde se realizava o ministério da intercessão junto ao altar de incenso.
Do Santuário Celestial o Apocalipse menciona: os castiçais (1:12-13); o
Sumo-Sacerdote Jesus (1:13); as sete lâmpadas (4:5); o altar (8:3 e 5; 11:1;
14:18; 16:7); o incenso (8:5).
O
Lugar Santíssimo. Era o local onde se efetuava a purificação do
santuário, junto à Arca do Concerto. Era um dia de juízo para os israelitas. No
Apocalipse há muitas referências ao Santíssimo: Ap 11:19 fala da Arca do
Concerto; 4:1-11 apresenta a Sala do Juízo onde está o trono de Deus; 7:15
confirma que o trono de Deus está no Santuário; 5:1 menciona que Quem está
assentado no trono tem em suas mãos um livro selado com sete selos, etc., etc.
O
Santuário Terrestre foi dado para ser uma ilustração, ou alegoria do Celestial:
“O primeiro tabernáculo... é uma alegoria para o tempo presente... Mas vindo
Cristo, o Sumo Sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito
Tabernáculo..., entrou uma vez no Santuário, havendo efetuado uma eterna
redenção”. (Hb 9:11-12).
A
expiação do pecado em suas três fases envolvendo o Santuário Celestial:
O
pátio. Ao
morrer no “pátio do Santuário, a Terra”, realizou a primeira fase da expiação.
O
lugar Santo.
Durante o período histórico das sete igrejas, de 31 até 1844, Jesus realizou a
segunda fase da expiação, através do Seu Ministério da Intercessão no Lugar
Santo.
O
Lugar Santíssimo. A
terceira fase seria a Purificação do Santuário Celestial ou Juízo pré-Advento,
que teve início em 1844, ao final da profecia dos 2.300 anos de Dn 8:14.
A
Bíblia indica que o Santuário Celestial necessita de purificação? (Hb 9:11-12 e 23-26).
Em
visão João entra no Santuário de Deus e da grande sala do trono do Eterno. Ele
testemunha a apresentação das grandes cenas do Juízo... Paulo diz que Deus “tem
determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, pelo Varão que para
isto destinou” (At 17:31). E outra vez: “Porque todos temos de
comparecer ante o tribunal de Cristo” (II Co 5:10); e ainda: “Pois todos
havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo”. (Rm 14:10).
Portanto,
o juízo é mesmo uma realidade. Quando Jesus retornar uma parte desse juízo já
terá acontecido; trará o galardão para os justos (Ap 22:12), vivos, e mortos
ressuscitados, os demais só saberão da sua sentença após o milênio.
Os
três primeiros capítulos do Apocalipse se ajustam bem no contexto do ministério
sacerdotal do Filho do homem no Lugar Santo e servem de preparo para o juízo
escatológico e cósmico dos capítulos quatro e cinco.
O
arco celeste ao redor do trono relembra a história do dilúvio..., simbolizando
a promessa de Deus de que jamais haveria outro dilúvio... “O arco celeste em
redor do trono serve como sinal da misericórdia de Deus para com o pecador
arrependido” (Patriarcas e Profetas, 105).
No
Santuário Terrestre os sacerdotes estavam divididos em vinte e quatro ordens, e
vinte e quatro turnos ( I Cr 24:1-18), e eram “uma sombra das coisas
celestiais” (Hb 8:5).
Dentre
os que ressuscitaram quando Cristo ressuscitou, vinte e quatro anciãos foram
escolhidos para participar do juízo pré-advento. Foram vistos assentados sobre
tronos e nas mãos, salvas cheias de incenso que eram as orações dos santos (Mt
27:52; Ef 4:8; Ap 4:4; 5:8-10). “São assistentes do Grande Juiz de vivos e
mortos, e participantes no julgamento do mundo por seus pecados”.
Durante
o milênio também os redimidos do Senhor se assentarão em tronos para julgar os
ímpios, juntamente com os demais daqueles que ressuscitaram com Jesus. (Ap
20:4-6; Dn 7:22, 14).
Ap
4:5-8 fala de: “relâmpagos, e trovões, e vozes..., quatro animais..., o
primeiro semelhante a leão, o segundo, semelhante ao bezerro, o terceiro tinha
rosto de homem, e o quarto era semelhante a uma águia. E os quatro animais
tinham cada um, seis asas, estavam cheios de olhos; e não descansavam nem de
dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus... que era, que
é, e que há de vir”.
Relâmpagos,
trovões e vozes.
“Os
terrores do Sinai (Ex 19:16) deveriam representar ao povo de Deus as cenas do
juízo... A voz do Arcanjo e a trombeta de Deus convocarão, da terra toda, tanto
os vivos como os mortos, à presença de seu Juiz”. (Patriarcas e Profetas, 364).
Paulo
também conecta as manifestações do Sinai com o juízo celestial em Hb 12:18-29.
“Estas manifestações da glória de Deus sempre aparecem no Apocalipse no final
de todas as séries proféticas, e sempre estão relacionadas ao juízo final” (Ap
8:5; 11:19; 16:18), exceto na série das Sete Igrejas.
Então,
“a visão subseqüente do trono em Ap 4 e 5 tem que ser considerada como a
conclusão da mensagem das Sete Igrejas. De fato, Jesus introduziu a visão do
trono dizendo ao apóstolo:
´Sobe aqui e Eu te mostrarei as coisas que
depois destas devem acontecer` (Ap 4:1), isto é, depois do ministério
de Jesus entre os castiçais no Lugar Santo”.
Sete
lâmpadas de fogo..., são os Sete Espíritos de Deus.
As
lâmpadas estavam no primeiro compartimento, isto é, no Lugar Santo (Patriarcas
e Profetas, 383).
Só
há um Espírito Santo. Ele é simbolizado pelos sete Espíritos de Deus porque o azeite
no candelabro do Santuário se dirigia a sete ramificações. Então é um único
Espírito alimentando sete lâmpadas.
Quatro
criaturas viventes.
“Foi-me
mostrado que... terminando Jesus seu ministério no Lugar Santo..., achou-se
rodeado pelos anjos, e em um carro chamejante passou para dentro do
segundo véu”. (Primeiros Escritos, 251).
Os
carros de Deus são anjos, e
eles são em número muito grande (Sl 68:17; Hb 1:4; 12:22; Mt 26:53). Seu lugar é ao redor do trono de Deus (Ap
5:11; 7:11).
“A
proximidade desses anjos com seis asas com o trono deve indicar que são
personagens de grande importância”
Leão,
Bezerro, Homem, Águia.
Segundo
a tradição judaica, as tribos de Israel acampadas ao redor do Tabernáculo,
estavam acampadas sob as insígnias de quatro
tribos:
Ao
oriente estava o estandarte de Judá, cuja insígnia era um Leão, o rei da
floresta. Jesus viria como o Rei de Israel, o Leão da tribo de Judá.
Ao
ocidente estava o estandarte de Efraim, representado pela figura de um Bezerro.
Era um símbolo da triste experiência de Israel no Sinai, quando adoraram o
bezerro de ouro. É um símbolo da falta de fé (Sl 106:19-20). Em Oséias 4:17
Deus diz: “Efraim está entregue aos ídolos; deixa-o”.
No
Apocalipse 7 os descendentes de Efraim não são contados entre os 144.000.
Homem,
Águia.
Ao
sul estava o estandarte de Rubem, representado pela figura de um homem.
O Homem na bandeira de Rubem, representa a confiança posta no ser humano em
lugar de Deus. Rubem é descrito na Bíblia como “água inconstante” (Gn
49:4), e perdeu os privilégios da primogenitura porque se deitou com Bila, a
concubina de seu pai.
Apesar
disso, Rubem é mencionado como tendo parte nos 144.000.
Ao
norte estava o estandarte de Dã, representado pela figura de uma águia.
A águia é símbolo de auto exaltação: “Se te elevares como águia, e puseres o
teu ninho entre as estrelas, dali te derribarei, diz o Senhor” (Ob 4). A
profecia de Jacó predisse o que aconteceria com Dã: “Dã será serpente junto
ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do cavalo, e
faz cair o seu cavaleiro por detrás” (Gn 49:17). Os descendentes de Dã não
são contados entre os 144.000.
Quatro
criaturas viventes.
“A
proximidade desses anjos com seis asas com o trono deve indicar que são
personagens de grande importância... Possuem um caráter quádruplo em que
combinam a sabedoria e a onisciência de todos os ramos da criação, a razão, a
inteligência, a devoção e o ardor espiritual do homem; a majestade, a
coragem e a audácia do leão; a submissão, paciência e força do boi;
e a visão, a vista penetrante, a rapidez de ação e o notável poder da águia”.
Essas
criaturas viventes a redor do trono são representadas no Santuário Terrestre
pelos anjos querubins sobre o propiciatório. Estes “representavam também todos
os anjos do céu que com interesse e reverência olham a lei de Deus”. (Espirit
of Profecy, vol. I, 272).
Santo,
Santo, Santo.
“Os
serafins, diante do trono, são tão cheios de reverente respeito ao contemplar a
glória de Deus que eles não olham nem por um instante para si mesmos com auto
complacência, ou admiração de si mesmos ou um ao outro... Eles estão
completamente realizados em glorificar a Deus; e na Sua presença, sob o Seu
sorriso de aprovação, eles não desejam outra coisa. Em ostentar Sua imagem, em
realizar Seu serviço e em adorá-Lo, a mais alta ambição deles é plenamente
alcançada” (Review and Herald, 22/12/1896).
“O
dever de adorar a Deus se baseia no fato de que Ele é o Criador, e que a Ele
todos os outros seres devem a existência” (O Grande Conflito, 436/437).
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