Páginas

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

5ª Igreja – Sardes (1517 – 1798).



“E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus, e as sete estrelas: Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.

Sê vigilante e confirma os restantes, que estavam para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus;
Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.

Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram seus vestidos, e comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso.

O que vencer será vestido de vestes brancas; e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos Seus anjos.

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. (Ap 3:1-6).

A cidade de Sardes nos dias de João ainda estava em processo de reconstrução, após ter sido destruída por um terremoto no ano 17 d.C. Quando João escreveu esta carta, Sardes parecia ser uma cidade cuja glória passara... 

No ano 200 chegou a ter uma população de 100.000 habitantes. Cibele, uma deusa anatólia, era a deidade protetora da cidade. Seu culto era semelhante ao de Diana dos efésios.

Em Sardes nasceu o dinheiro moderno. Em 1402, foi completamente destruída por Tamerlão e jamais foi reedificada. Hoje é um campo ermo de espinhos, flores silvestres e ruínas imponentes.

Sardes significa “Cântico de alegria”. A igreja de Sardes representa a história do cristianismo no período de transição entre a verdadeira reforma e o protestantismo. Geralmente o ano 1517 é considerado o início da Reforma, mas na realidade, 15l7 marcou o seu clímax com a atuação de Lutero. Depois da sua morte, o movimento perdeu muito da sua vitalidade.

“Os que lideraram a Reforma eram homens de vigorosa consagração, como Lutero e Knox. Seus sucessores, porém, acomodaram-se em religiões do Estado, organizadas, mas sustentadas pelo erário público. Auto-suficientes e satisfeitas com conquistas passadas, essas pessoas deixaram de sentir as necessidades do grande mundo pagão”. (Roy Allan Anderson, O Apocalipse Revelado, 43-45)

Vários fatores indicam que o ano de 1798 é a data ideal para o término do período de Sardes, quando o papa foi preso, e a Bíblia começou a ser divulgada mundialmente através das Sociedades Bíblicas, provocando o maior despertamento espiritual já visto no protestantismo.

Em 1804 surgiu a primeira Sociedade Bíblica na Inglaterra, e em 1816 a segunda, a Americana, e depois muitas outras, despertando o mundo para as Missões Estrangeiras. Em 1798 findou também a supremacia papal de 1260 anos e teve início o Tempo do Fim.

Portanto o período de Sardes deve ser considerado de 1517 a 1798.

A igreja de Sardes é a igreja de transição entre o Movimento da Reforma e o protestantismo. No período de Tiatira tivemos os Valdenses, os Lolardos, seguidores de Wycliffe, a Igreja dos Irmãos na Boêmia e Morávia, João Huss, Jerônimo e Lutero. Em 1530, com a formação do primeiro credo protestante, a Reforma entrou em declínio e surgiu uma nova era chamada protestantismo, caracterizada pelas Igrejas Nacionais, que recebiam sua força não de Deus, mas dos governos.

Sardes deveria estar viva e fervorosa, mas estava morta; então veio a mensagem: “Tens nome de que vives, e estás morto” (Ap 3:1).

A igreja neste período tinha um bom nome e uma boa reputação. O nome “protestante” indicava oposição aos abusos, aos erros e ao formalismo da Igreja Católica; indicava que nenhum desses erros seriam encontrados entre os protestantes, porém, isso foi verdade somente entre os arautos da Reforma, e perdurou enquanto Lutero ainda vivia... 

As igrejas protestantes afastaram-se dos princípios enunciados por seus fundadores. O princípio dos reformadores dizia: “A Bíbia e a Bíblia só, deve ser a nossa única regra de fé”.

Um outro fator que contribuiu muito para aumentar nas igrejas protestantes o espírito de apatia para com as coisas espirituais foi o surgimento do Racionalismo nos séculos XVII e XVIII. Sob o impacto das descobertas científicas, muitos estudiosos passaram a crer que as leis naturais eram suficientes para explicar as obras do Universo... Ele, Deus, fora unicamente a primeira causa, e que desde o Seu ato inicial da criação, o mundo tem funcionado mais ou menos independente de Deus. Esta maneira de pensar resultou num distanciamento da Bíblia, que, por sua vez, passou a ser considerada irreal, inexata e não literal. (SDA Bible Commentary, vol. 7, 756)

Ao final do período de Sardes ocorreria a Revolução Francesa (1789–1799), que entre as muitas razões que lhe deram causa, estava o descontentamento geral contra a nobreza e o clero.

E Sardes estava morta, perdera o Espírito de Deus, Seu poder, e perdera também a sua mensagem. Sardes permanecia como uma simples casca, sem nenhum conteúdo.

“Nenhuma quantidade de experiência passada será suficiente para o momento, nem nos fortalecerá para vencermos as dificuldades que estiverem em nosso caminho. Precisamos ter novo suprimento de graça e de força cada dia, a fim de sermos vitoriosos”. (Testimonies for the Church, vol 3, 541).

Os Valdenses, Wycliffe, João Huss, Jerônimo, Lutero (cada um no seu tempo), quebraram o poder da supremacia espiritual de Roma. A Europa foi sacudida de ponta a ponta por um poder que nunca tinha sido conhecido antes. Infelizmente o espírito da Reforma não durou muito tempo. Dentro de poucos anos os seguidores dos reformadores estavam divididos e começaram a se opor e a perseguirem-se uns aos outros.

Os passos de Roma foram seguidos pelas igrejas protestantes... Que têm manifestado desejo semelhante de restringir a liberdade de consciência... A Igreja Anglicana, durante os séculos dezesseis e dezessete, perseguiu milhares de ministros não-conformistas que foram obrigados a deixar as igrejas, e muitos, tanto pastores como o povo em geral, foram submetidos a multa, prisão, tortura e martírio. (O Grande Conflito, 443).

Na Inglaterra, os protestantes anglicanos empreenderam a mais cruel guerra não somente contra os católicos, mas também contra todos os protestantes que se recusavam a se conformar com a igreja estabelecida (F. G. Smith, What the Bible Teaches, 293).

O estudo da história da Reforma mostra que o protestantismo, a partir de 1530, introduziu um outro período de apostasia. Em menos de cem anos o luteranismo, com o qual a Reforma alcançara o seu clímax, cristalizou-se num formalístico e dogmático movimento protestante. O historiador D’Aubigne considera que o fim da verdadeira Reforma foi o ´decisivo período de 1530 e 1531`, e que a partir dessa data, começou então um outro capítulo, a história do protestantismo (F. G. Smith, What the Bible Teaches, 293, 294).

As duas primeiras nações na Europa a se levantarem contra o papado foram a Alemanha e a Inglaterra. Estas duas nações têm sido consideradas como sendo a plataforma do protestantismo..., que tem ganhado influência no mundo moderno especialmente através do poder político... E como no passado aconteceu com estes dois países, assim será no futuro quando a profecia do protestantismo apostatado de Ap 13:11-18 cumprir-se através da união da Igreja e do Estado nos Estados Unidos da América do Norte.

Rapidamente as igrejas reformadas perderam sua dependência de Deus e apelaram para os braços do poder político... 

O que a Inquisição fez contra os cristãos no período de Tiatira, as igrejas protestantes nacionais fizeram contra os grupos protestantes minoritários no período de Sardes. O mesmo espírito satânico que moveu o papado contra os Valdenses, contra os Lolardos, e contra a igreja dos Irmãos da Boêmia e Morávia, moveu também as igrejas protestantes nacionais da Alemanha e da Inglaterra contra seus irmãos no período de Sardes.

“O verdadeiro escândalo da Inglaterra no século XVIII..., Foi a decadência da religião que distinguiu os seus primeiros cinqüenta anos. No que se refere a sua fé, a Inglaterra estava morta. Os seus céus espirituais eram tão negros como a meia noite no Ártico, e frios como as suas geadas”. (Edwin R. Thiele, Apocalipse, Esboço de Estudos, vol I. 61).                           

O cristianismo não pode morrer, mas chegou perto do desmaio mortal naquela era melancólica.

Os Quakers, na Inglaterra, foram presos às centenas, apedrejados, surrados, chicoteados,e afogados... Mais de quatro mil e duzentos deles foram presos, e muitos foram mortos na prisão. 

Nos Estados Unidos, a experiência dos Quakers não foi menos sofrida, muitos deles não foram somente açoitados publicamente, como criminosos, mas alguns foram marcados com ferro quente e outros tiveram as orelhas cortadas (Fox, Book of Martyrs, 357, 358, 360).

O rei Henry VIII, fundador da Igreja Anglicana na Inglaterra, adotou as mais rigorosas leis para impor as doutrinas da igreja (F. G. Smith, What the Bible Teaches, 209). 

Foi rejeitada a supremacia do papa, mas em seu lugar o monarca foi entronizado como cabeça da igreja. 

O rei reformador perseguiu tanto católicos como protestantes... Uma dessas vítimas é bem conhecida, John Bunyan, pregador inglês; permaneceu preso por doze anos na cadeia de Bedford, período em que escreveu O Peregrino, e mais de 50 outros livros... Na Escócia, a Igreja Episcopal fez uma sucessão de mártires presbiterianos.                                                   (F. W. Grant, The Prophetic History of the Church, 128).

Foi essa feroz perseguição dos protestantes contra os protestantes que levou os puritanos, um grupo de cristãos reavivados, a fugirem da Inglaterra, primeiramente para a Holanda e depois para a Nova Inglaterra. O alvo dos puritanos era purificar a igreja da Inglaterra de todos os vestígios do romanismo.

Os Puritanos desembarcaram nas praias da América em 1620... O navio Mayflower trouxe o primeiro grupo de 102 peregrinos... Um segundo grupo de mil puritanos veio em 1630. Por volta de 1642 a Colônia da Baía de Massachusets já tinha 16.000 pessoas... Por volta de 1636, Roger Williams, um jovem pastor, iniciou a nova colônia de Rhode Island. 

O princípio fundamental da colônia era que todo homem teria liberdade para adorar a Deus segundo os ditames de sua própria consciência. Seu pequeno Estado, Rhode Island, tornou-se o refúgio dos oprimidos, e cresceu e prosperou até que seus princípios básicos, a liberdade civil e religiosa, se tornaram as pedras fundamentais da República Americana.

Vinte anos depois do primeiro desembarque, outros milhares de peregrinos se tinham estabelecido na Nova Inglaterra. No entanto, o grande princípio, tão nobremente advogado por Roger Wlliams de que a verdade é progressiva, de que os cristãos devem estar prontos para aceitar toda a luz que resplandecer da santa Palavra de Deus, foi logo perdido de vista pelos seus descendentes.

Os luteranos eram, no princípio, pessoas piedosas, sinceras e fiéis, mas à medida que foram crescendo em número e poder, começaram a perseguir, banir, prender e matar aqueles que discordavam deles.

Em 1574 em uma convenção em Torgaw eles instigaram o Eleitor da Saxônia a prender ou banir os calvinistas que diferiam deles em doutrina.

Peucer, por causa de suas opiniões, ficou preso durante dez anos.

Crellius, em 1601, foi morto.

Stettar de Strasburg foi perseguido por ter permitido aos membros leigos falarem na igreja.

Na Escócia, os haldanes foram perseguidos pela mesma razão.     (L. Sale-Arrison, The Wonders of the Great Unveiling, 54)

Na Suíça, um concílio protestante condenou um jovem chamado Felix Mantz a ser afogado porque insistia em condenar o batismo de bebês por aspersão (F. G. Smith, What the Bible Teaches, 298, 299).

As mais severas leis foram criadas, em diferentes países da Europa, contra anabatistas, e muitos deles foram banidos ou queimados vivos.

A história tem demonstrado que, não importa quem esteja no poder, sejam católicos ou protestantes, quando a igreja apela para os braços do poder político, quando Igreja e Estado se unem, o resultado é a intolerância religiosa.

“A união da Igreja com o Estado, não importa quão fraca possa ser, conquanto pareça levar o mundo para mais perto da igreja, não leva, em realidade, senão a igreja para mais perto do mundo” (O Grande Conflito, 297).

Desde os dias de Constantino até o presente, a estratégia de Satanás tem sido a de procurar edificar a igreja com o auxílio do Estado, apelando para o poder temporal em apoio ao evangelho. Isso aconteceu na Alemanha e na Inglaterra, e acontecerá nos Estados Unidos em cumprimento de Ap 13:11-18.

A história costuma se repetir. No próximo período da igreja, Filadélfia, a profecia fala de um grande reavivamento operado pelo Espírito Santo, e então, de novo, vem outro capítulo de condenações, a apostasia de Laodicéia. Quem tem ouvidos ouça a história que o Espírito Santo está contando acerca dos altos e baixos da igreja.

Sê vigilante, e confirma os restantes que estavam para morrer... lembra-te pois de que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te” (Ap 3:2-3)

Um dos problemas de Sardes era a falta de vigilância: “... e se não vigiarem, virei como ladrão” (Ap 3:2-3).

Ap 3:2 demonstra que muitos, porém não todos, estavam mortos. O verso 3 aconselha os cristãos de Sardes a fazerem uma retrospecção na vida espiritual e lembrarem da mensagem e da experiência que haviam tido. 

A Justificação pela Fé foi a doutrina forte dos reformadores, e ela fez surgir o protestantismo; somente a justiça de Cristo recebida pela fé poderia reavivá-los.

Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram seus vestidos, e comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso. O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do Livro da Vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos Seus anjos” (Ap 3:4-5).

O remanescente de Deus sempre existiu, em todas as eras... Nunca houve um período tão escuro em que Deus não tivesse Suas estrelas. No período de Sardes, Deus tinha ´alguns que não contaminaram
seus vestidos` (Ap 3:4): os reformadores Martinho Lutero, Ulrich Zwinglio, João Calvino, o puritano João Bunyan, os pietistas Philipp Epenner, August Hermann Francke e o Conde Zinzerdorf, e os metodistas João Wesley e Whitefield.

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário